quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Redação: Preconceito Linguístico II

Redação realizada na disciplina de Língua Portuguesa, Professora Maria Emília Lubian, da FETLSVC.
Autor: LUIZ PEREZ FRUSCALSO LUZ, Turma 2111
Novo Hamburgo, agosto de 2013


A Jornada de Karl Müller


Karl Müller havia nascido e crescido na vila de Lewen, onde a maioria dos moradores trabalhavam de maneira humilde na lavoura ou na mineração. Karl podia ser definido pela palavra honestidade, era muito conhecido no vilarejo onde vivia, por ter uma pequena venda de alimento, um tipo de armazém, com um pouco de tudo. A agricultura era predominante, afinal era a base para a construção de um Estado próspero e economicamente forte - só se ouvia falar nisso, já que a Alemanha enfrentava dificuldades financeiras e isso não era novidade para mais ninguém. A fartura da colheita sempre trazia uma festa anual, muita comida e bebida para todos que contribuíram, porém isso iria durar pouco tempo.
Os impostos cobrados pelo governo alemão estavam assumindo um patamar absurdo e insustentável, oriundos das dívidas externas para os países aliados que iam subindo. Dessa maneira, manter pequenas vilas como Lewen se tornou algo irreal, já que o dinheiro pago por pessoa seria maior que o dinheiro produzido mensalmente. A migração das pessoas começou quatro semanas após o aumento, guardaram todas suas coisas e abandonaram as casas.
A maioria dos habitantes migraram para aglomerados populacionais como Berlim, entretanto a saúde se tornara preocupante nessas regiões, bem como a distribuição de alimento. Karl morava no mesmo lugar há 32 anos, desde sua infância, quando seus pais ainda eram vivos e vieram parar naquele fim de mundo. Ele recebera a oportunidade de embarcar em uma jornada repleta de perigos, se tratava de um grupo de navegadores açorianos que estavam atracados junto ao porto, prontos para partir em direção ao ocidente, em busca das terras prometidas.
Os problemas da viagem começaram quando Müller tentou entrar no barco como marujo, trabalharia na pesca e cozinharia durante a viagem - já que conhecia de alimentos com a experiência do seu armazém. Entretanto, as suas palavras em alemão eram incompreensíveis para aqueles que navegavam os sete mares. A língua nativa dos navegadores era o português e um pouco da língua dos piratas, ambas desconhecidas para Karl. Assim ele teve que enfrentar sérias dificuldades na adaptação ao navio - fora admitido após muita confabulação: ao final, as partes entraram em acordo, seja esse qual for.
O idioma português se revelou um problema que atravessava o oceano, já que meses depois ao fim da travessia e com à chegada ao "Brazil", os moradores desse novo mundo só falavam essa língua enrolada, que as pessoas precisam "pensar muito para falar". As pessoas recriminavam o rapaz, que agora tentava montar uma moradia e se estabelecer no local, isso porque ele não sabia falar de maneira correta, trocava o gênero e pessoa dos verbos, virando motivo de piada em toda colônia. Por mais que ignorasse a situação, as coisas iam cada vez pior, passavam do ridículo para o ofensivo.
As coisas iam seguindo bem, Müller passara a morar em uma vivenda por ele construída, que recebia cada vez mais vizinhos. A esperança de uma situação melhor e até uma família não paravam de passar pela cabeça do jovem rapaz. Isso viria à
mudar com uma grave acusação: Karl vinha conversando com uma crioula já mãe de dois filhos e um dia seu marido acabou por vê-la acompanhada do imigrante alemão.
A reviravolta na vida de Müller estava na sua frente, e sem reação, decidiu admitir que realmente vinha cortejando a moça. O marido, enfurecido, pegou o mosquete que tinha em sua casa e iniciou a busca pelo traíra. O tempo para buscar a arma foi suficiente para a escapada de Karl, que abandonou tudo que havia construído.

O boato continuou por muito tempo e se tornou um tipo de lenda, sempre cogitada quando alguém por ordem do destino, dava um passo em falso, afinal a vida é assim. Acabavam por dizer que essa pessoa, era a encarnação de "Karl, a alemón azarada".

Redação: Preconceito Linguístico


Redação realizada na disciplina de Língua Portuguesa, Professora Maria Emília Lubian, da FETLSVC.
Autor: LUCAS MARX FÜHR, Turma 2111
Novo Hamburgo, agosto de 2013

Viagem ao incerto


Meu avô materno, Clarimundo Marx, nascido em 1928 no município de Montenegro-RS, casou-se aos 20 anos com minha avó, Ana Norma Marx. Já tinham uma filha, moravam de aluguel numa casa pequena e sem terra para cultivar próxima à do pai de Clarimundo.
O oeste de Santa Catarina estava numa época de ocupação com preços mais acessíveis, então Clarimundo em 1952 deixou sua esposa, filha, pais e irmãos, e foi comprar um terreno no oeste de SC. Naquela época foi uma legítima aventura, pois não havia estradas, pontes e nem meios de comunicação.
O deslocamento era feito a cavalo, conseguia pousos em casas desconhecidas para dormir e atravessa rios em canoas. Ficou fora de casa mais de um mês, sendo que sua mãe e esposa não acreditavam mais no seu retorno. Porém, ele havia feito negócio de compra de terra e veio buscar a esposa e a filha.
Novamente foi outra aventura, e foram acompanhados pelo pai de Clarimundo. Como a viagem era imprevísivel, foram somente com as roupas do corpo e também havia prazo para se apresentar ao dono das terras para não perder o valor da entrada, pois o negócio era feito verbalmente.
Assim, deixou seus acompanhantes de viagem cerca de 50km antes do destino e viajou dia e noite para chegar na data combinada. Depois, voltou para buscar seu pai, esposa e filha. Assim que chegaram, tiveram dificuldade pois só se falava do alemão na região, e pouco sabia-se do português. Sofreram algum preconceito linguistico e tiveram de aprender o alemão. Demoraram, mas aprenderam.
Começaram do nada no terreno novo, construíram uma casa no mato, abriram clareiras para começar a roça, etc. Naquela época, os vizinhos eram solidários, tanto que um vizinho lhe ofereceu uma porca e porquinhos, vaca e terneiros, e uma galinha e pintinhos. Foi essencial no começo, e depois conseguiram devolver ao vizinho com enorme gratidão.
Muitas vezes se alimentavam do que caçavam, pescavam ou plantavam. Essa terra pertence ao município de Iporã do Oeste-SC, onde Clarimundo criou seus dez filhos junto com Ana Norma e morou até o resto de sua vida. Atualmente, meu tio ocupa esta casa.